»Acenei afirmativamente.
«- Responda-me com franqueza,» - continuou ele - «pois verificará que é elo seu interesse fazê-lo. O senhor tem a inteligência que faz um homem de sucesso. O senhor tem jeito para a medicina?»
»Não podia se não rir com a brusquidão da pergunta.
«- Creio que tenho algum» - disse.
«- E os seus hábitos? Não gosta de bebidas, hã?» «- Na verdade, não» - anui.
«- Muito bem! Está tudo bem! Mas eu tinha de lho perguntar. Com todas essas qualidades, porque não se dedica à prática clínica?»
»Encolhi os ombros.
«- Bem!» - disse ele, com o mesmo à-vontade. «- É a velha história. Mais miolos do que dinheiro, não é? O que diria a instalar-se em Brook Street?»
»Olhei para ele com espanto.
«- Oh! É por minha causa, e não por sua» - exclamou ele. «- Serei muito franco consigo: se for bom para si, será também bom para mim. Tenho cerca de mil libras para investir e penso gastá-las consigo.»
«- Mas porquê?» - arfei.
«- Ora essa, porque é exactamente como qualquer outro investimento e mais seguro do que a maioria.»
«- O que devo fazer então?»
«- Eu lho direi. Alugarei a casa, mobilá-la-ei, pagarei ao pessoal e farei todas as despesas. Tudo o que o senhor tem a fazer é utilizar o consultório. Dar-lhe-ei dinheiro para gastar e tudo. Depois dar-me-á três quartos do que ganhar e guardará o restante para si.»
»Esta foi a estranha proposta, Mr. Holmes, com a qual esse Blessingron me procurou. Não o cansarei com a narrativa de como arrumámos o assunto. Acabei por me mudar para a casa perto da de lady Day e comecei a praticar clínica nas condições que ele me havia sugerido. Ele mesmo foi para lá residir, como se fosse um paciente internado.