As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 8: O Paciente Internado Pág. 175 / 274

Tinha o coração fraco, aparentemente, e necessitava de constantes cuidados médicos. Transformou as duas melhores divisões do primeiro andar em sala de estar e quarto de cama para ele próprio. Era um homem de hábitos singulares, evitava a companhia e só saía muito raramente. A sua vida era irregular, mas em certos aspectos era a regularidade por excelência. Todas as tardes, à mesma hora, entrava no consultório, examinava os livros, deixava cinco xelins e três pence por cada guinéu que eu tivesse ganhado e levava o resto para a caixa-forte do seu quarto.

»Posso garantir que ele nunca teve ocasião para lamentar o seu investimento. Desde o princípio que o meu consultório foi um êxito. Alguns casos felizes, bem como a reputação que adquirira no hospital, impeliram-me rapidamente para o topo. E em um ou dois anos fiz dele um homem rico.

»Falei demais, Mr. Holmes, a respeito do meu passado e das minhas relações com Mr. Blessington. Agora só me resta relatar os acontecimentos que me trouxeram aqui esta noite.

»Há algumas semanas, Mr. Blessington aproximou-se de mim, segundo me pareceu, num estado de profunda agitação. Contou-me que tinha sido roubado no West End. Lembro-me de que parecia estar demasiadamente excitado com o facto, declarando que não se passaria um dia sem acrescentarmos ferrolhos mais fortes às nossas portas e janelas. Continuou durante uma semana neste estranho estado de inquietação, espiando continuamente pelas janelas e deixando de dar o seu curto passeio que servia usualmente de prelúdio para o seu jantar. Essa atitude chocou-me, porque ele estava com um pavor mortal de alguma coisa ou de alguém. Mas quando o interroguei sobre o facto, ficou tão zangado que fui obrigado a mudar de assunto.





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