As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 9: O Intérprete Grego Pág. 197 / 274

»Começou por tirar do bolso um bastão de aspecto formidável, cheio de chumbo, manobrando-o para a frente e para trás como se lhe avaliasse o peso e a resistência. Depois, sem uma palavra, colocou-o sobre o assento, a seu lado. Feito isto, levantou as vidraças. E foi então que descobri, com espanto, que estavam forradas de papel, para impedir que se visse através delas.

«- Sinto muito tirar-lhe a vista,» - disse-me - «mas, para falar verdade, é minha intenção que o senhor não veja os lugares por onde passamos. É possível que venha a ser necessário que o senhor não encontre este caminho outra vez.»

»Como devem calcular, fiquei completamente embaraçado com estas palavras. O meu companheiro era um homem novo, corpulento, espadaúdo e, mesmo sem contar com a arma, eu não teria a mais pequena hipótese numa luta com ele.

«- Este seu procedimento é muito estranho, Sr. Latimer» - gaguejei. «O senhor deve compreender que o que está a fazer é ilegal.»

«- É um pouco abusivo, não há dúvida, mas daremos um jeito às coisas. Entretanto devo adverti-lo, Sr. Melas, de que, se a qualquer hora desta noite tentar emitir um alerta ou proceder contra os meus interesses, verá então que é uma coisa muito séria. Peço-lhe que se lembre de que ninguém sabe onde o senhor está e de que, nesta carruagem ou em minha casa, está em meu poder,»

»As suas palavras eram calmas, mas a sua maneira áspera de falar tornava-o ameaçador. Sentei-me em silêncio, tentando perceber qual a razão de ele me ter raptado daquela maneira extraordinária. Fosse o que fosse, era mais do que evidente que eu não tinha possibilidades de resistir e que apenas me restava aguardar o que iria acontecer. Andámos cerca de duas horas sem que eu tivesse o menor indício do lugar para onde nos dirigíamos.





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