- As suas ordens serão cumpridas. Serão cumpridas... - repetiu.
- Aviso-o de que não permito enganos - disse Holmes, olhando à sua volta.
O outro encolheu-se quando se apercebeu da ameaça que se reflectia nos olhos do detective.
- Oh! Não, não haverá engano. Há-de lá estar. Acha que o mude primeiro ou não?
Holmes pensou um momento e depois soltou uma gargalhada.
- Não, não o mude. Eu escrever-lhe-ei sobre o assunto. E nada de batota, senão...
- Oh! O senhor pode confiar em mim. Pode confiar em mim.
- Deve arranjar as coisas para que, na altura, ele pareça seu.
- Pode contar comigo, senhor.
- Sim. Também me parece que posso. Amanhã terá notícias minhas.
Voltou as costas, indiferente à mão trémula que o outro lhe estendeu, e saímos em direcção a King's Pyland.
- Raras vezes encontrei um conjunto tão perfeito de ameaças, cobardia e gatunagem como em mestre Brown - observou Holmes.
- É então ele quem tem o cavalo?
- A princípio quis esquivar-se com brincadeiras, mas eu fiz uma descrição tão real do que se tinha passado que o homem acabou por se convencer de que eu assistira a tudo. Com certeza que notou, Watson, a forma quadrada das pegadas e que as botas dele correspondiam exactamente. Além disso, é evidente que se trata de um gesto que um criado não se atreveria a fazer. Depois lembrei-lhe que, conforme era seu hábito, ele fora o primeiro a levantar-se e a dar por aquele cavalo desconhecido errando pela charneca; contei-lhe, com pormenores, como ele se acercara do animal e do seu espanto ao reconhecer a malha branca na testa que dera o nome ao favorito.