O acaso tinha-o colocado de posse do único cavalo capaz de bater aquele em que arriscara o seu dinheiro. Disse-lhe ainda que o seu primeiro impulso fora levá-lo, de novo, para King's Pyland e como o diabo lhe mostrou que podia esconder o animal até a corrida acabar e até como o levou e ocultou em Mapleton. Quando entrei, então, nos pormenores, desistiu logo e apenas pensou em salvar a pele.
- Mas os estábulos dele foram revistados.
- Um velho ladrão de cavalos como ele tem muita astúcia.
- Mas então, agora, Holmes, não receia deixar o cavalo em poder dele, que deve ter todo o interesse em prejudicá-lo?
- Não, meu caro amigo. Guardá-lo-á como à menina dos olhos. Sabe muito bem que a sua única esperança de misericórdia é apresentá-lo são e salvo.
- O coronel Ross não me deixou a impressão de ser pessoa para grandes misericórdias.
- Mas a coisa não se apoia no coronel Ross. Eu sigo sempre os métodos que escolho, revelem eles muito ou pouco. É esta aliás a vantagem de não ser detective oficial. Não sei se reparou, Watson, que a conduta do coronel para comigo tem sido a de um cavalheiro frívolo. Agora, sou eu quem está a divertir-se um pouco à sua custa. Não lhe diga nada a respeito do cavalo. Mas tudo isto tem muito menos importância do que saber quem matou John Straker.
- E você vai agora tratar disso?
- Pelo contrário. Vamos regressar a Londres no comboio da noite. Fiquei surpreendido com a decisão do meu amigo, visto que tínhamos estado apenas algumas horas em Devonshire e desistir de uma investigação que começara de modo tão brilhante era-me totalmente incompreensível. Mas nem uma palavra mais consegui arrancar dele até chegarmos, de novo, a casa do treinador.