As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 1: O Estrela de Prata Pág. 3 / 274

A verdade é que eu não podia acreditar que fosse possível que o cavalo mais famoso de Inglaterra pudesse ficar tanto tempo escondido, especialmente num local com habitações tão dispersas como o norte de Dartmoor. Ontem esperava ouvir a cada momento que o cavalo fora encontrado e que o assassino de John Straker tinha sido o seu raptor. Entretanto, quando descobri, na manhã seguinte que, além da prisão do jovem Fitzroy, nada mais se tinha feito, senti que era tempo de entrar em acção. Todavia sinto que, de certo modo, o dia de ontem não foi desperdiçado.

- Já formou, nesse caso, a sua opinião?

-Pelo menos já tenho um apanhado dos factos essenciais. Vou enumerá-los porque nada esclarece tanto um caso como expô-lo a outra pessoa, e não posso esperar contar com a sua cooperação se eu não lhe mostrar o ponto de onde começamos.

Recostei-me na almofada, soltando baforadas do charuto, enquanto Holmes, inclinando-se um pouco para a frente, com o indicador comprido e fino, começou a comparar os pontos na palma da mão esquerda e a dar-me um esboço dos acontecimentos.

- O Estrela de Prata - disse - é da estirpe do Isonomy e mantém um brilhante recorde, como o seu famoso antepassado. Está agora no quinto ano e já conseguiu todos os prémios do turf para o coronel Ross, o seu afortunado possuidor. Até ao momento da catástrofe, era o principal favorito da Taça Wessex, sendo as cotações de três a um a seu favor. Aliás, ele tem sido sempre o principal favorito das pessoas que gostam de jogar e nunca as desapontou. De modo que, até mesmo nas piores probabilidades, apostam nele somas enormes. Portanto, é claro que há muitas pessoas fortemente interessadas em impedir o Estrela de Prata de lá estar terça-feira ao cair da bandeira.





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