»Não sei o que tinha de especial aquele rosto, Sr. Holmes, mas senti um arrepio a passar pelas minhas costas a baixo. Eu estava um pouco longe por isso não conseguia distinguir as feições, mas havia algo de não natural e inumano naquele rosto. Essa foi a impressão que eu tive, e movi-me rapidamente para a frente de forma a conseguir ter uma visão mais próxima da pessoa que me observava. Mas o rosto desapareceu de repente, tão de repente que parecia ter sido arrancado para a escuridão da sala. Eu fiquei durante cinco minutos a pensar no que havia visto. Não conseguia sequer distinguir se aquele rosto era de um homem ou de uma mulher, estava muito longe para isso. Mas a sua cor foi o que mais me impressionou, era de um lívido giz branco, e havia algo de falso e rígido que o tornava antinatural. Fiquei tão perturbado que precisei ver um pouco mais dos novos ocupantes da casa. Aproximei-me e bati à porta, que foi aberta quase instantaneamente por uma mulher alta e magra, com um rosto duro e ameaçador. “O que pretende?” – perguntou com um sotaque do norte. “Sou seu vizinho” – disse eu apontando na direcção da minha casa. “Reparei que acabaram de se mudar, por isso pensei em vir oferecer a minha ajuda para qualquer coisa que precisem.” “Bem, se nós precisarmos nós avisamos.” – disse ela, e fechou a porta na minha cara. Aborrecido com a recusa grosseira, dei meia volta e voltei para casa. Durante toda a noite, embora eu tentasse pensar noutras coisas, a minha mente sintonizava na aparição da janela e na indelicadeza da mulher.