'- Já estou cheio de Norfolk' - disse. ' - Irei para casa de Sr. Beddoes, em Hampshire. Ele ficará tão contente por me ver como os senhores ficaram, suponho.'
'- Não se vai embora zangado, Hudson, espero?' - perguntou meu pai com uma humildade que me fez ferver o sangue.
'- Não me apresentaram desculpas' - respondeu com azedume, olhando na minha direcção.
'- Vítor, há-de reconhecer que tratou este digno homem com muita grosseria' - disse meu pai, voltando-se para mim.
'- Pelo contrário, acho que ambos lhe mostrámos extraordinária paciência' - respondi.
'- Oh, mostraram?' - rosnou ele.' - Muito bem, camarada. Resolveremos isso depois!' - E, arrastando-se pesadamente, saiu da sala. Uma hora depois partia, deixando meu pai num miserável estado de nervos. Noite após noite, ouvi-o andar no seu quarto. E precisamente quando se estava restabelecendo é que veio o golpe fatal.»
«- E como?»- perguntei com ansiedade.
«- Da forma mais extraordinária. Ontem à noite meu pai recebeu uma carta com o carimbo de Fordingbridge. Meu pai leu-a, pôs as duas mãos na cabeça e começou a correr pelo quarto, descrevendo pequenos círculos, como alguém que tivesse perdido o uso da razão. Quando finalmente o arrastei para o sofá, tinha a boca e as pálpebras contraídas para um lado. Vi então que tinha sofrido um ataque apopléctico, O Dr. Fordham foi chamado imediatamente e colocámo-lo na cama. Mas a paralisia espalhou-se e não deu o menor sinal de recuperar a consciência. E creio que não o encontraremos vivo.
«- Você assusta-me, Trevor!» - gritei. «- O que podia, então, conter a carta para produzir um efeito tão medonho?»
«- Nada.