As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 4: A Tragédia do Glória Scott Pág. 86 / 274

Precisava de ver essa carta. E se nela houvesse algum significado oculto, estava certo de que poderia decifrá-lo. Fiquei a meditar no escuro durante uma hora, até que, finalmente, uma criada trouxe, a chorar, uma lamparina e atrás dela entrou o meu amigo Trevor, pálido mas composto, com estes mesmos papéis que tenho agora nos meus joelhos, segurando-os com avidez. Sentou-se à minha frente, puxou a luz para a borda da mesa, e entregou-me uma nota mal escrita, como pode ver, numa folha de papel cinzento e que dizia:

A provisão de caça para Londres está muito bem terminada. O guarda-chefe Hudson, segundo supomos, disse que está tudo arranjado; que fuja a mosca para a faisoa se salvar enquanto a sua prole tiver vida.

Suponho que fiquei tão confuso como você quando li pela primeira vez esta mensagem. Depois reli-a com muito cuidado. Era evidente o que eu pensara, e devia haver um segundo sentido naquela estranha combinação de palavras. Ou dar-se-ia o caso de que houvesse um significado preestabelecido para tais palavras, como fuja a mosca e faisoa?Tal significado seria arbitrário e de modo nenhum poderia ser deduzido. Todavia custava-me acreditar que seria esse o caso; a presença da palavra Hudson parecia mostrar que o assunto da mensagem era o que eu tinha adivinhado, e parecia mais de Beddoes do que do marinheiro. Experimentei invertê-la, mas a combinação a faisoa se salvar não era encorajante. Tentei então alternar as palavras, mas nem para nem a provisão de caça prometia esclarecer o enigma. Mas, de súbito, a chave do enigma esteve nas minhas mãos, pois verifiquei que a última palavra de cada grupo de três dava mesmo uma mensagem que podia levar Trevor ao desespero.





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