Por fora estão classificados como vê:
Alguns pormenores da viagem do barco Glória Scott. Desde a sua saída em Falmouth, no dia 8 de Outubro de 1855, até à sua destruição na lat. N. 15º29’, long. W 25°14’, em 6 de Novembro. Está sob a forma de uma carta e desenrola-se assim:
«Meu querido filho:
Agora que a desgraça que se aproxima começa a nublar os anos finais da minha vida, posso escrever toda a verdade e com toda a honestidade. Posso afirmar que não é o terror da Lei, nem a perda da minha posição no conselho da comarca, nem a minha queda aos olhos de todos os que me conhecem, que me confrange o coração. Mas é o pensamento de que o meu filho há-de envergonhar-se de mim, você que me ama, que jamais, assim o espero, teve motivo para não me tratar com respeito. Mas se a tormenta, que está sempre pendente sobre mim, vier a desabar, queria então que lesse isto para que saiba directamente quão longe tenho estado da culpa. Por outro lado, se tudo correr bem (que o bondoso Deus mo conceda!), então, se por qualquer acaso este papel não for destruído e vier a cair nas suas mãos, peço-lhe, por tudo o que considera sagrado, pela memória da sua querida mãe e pelo amor que sempre houve entre nós, que o deite ao fogo e nunca mais pense nele.
Se os seus olhos continuarem a ler estas linhas, sei que já estarei exposto e longe do meu lar, ou, como é mais provável - pois sabe que o meu coração é fraco -, jazendo com os lábios selados para sempre na morte. Em qualquer caso, o tempo para a omissão já passou, e toda a palavra que lhe disser é a nua verdade; e isto, juro-o, como espero misericórdia.
O meu nome, querido filho, não é Trevor. Eu era James Armitage nos dias da minha mocidade.
