O Mundo Perdido - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 136 / 286

Longe, ao fundo do escarpamento, avistei, debruçando-me, uma massa de ramagens de um tronco em fanicos. Sim, era a nossa faia! Fora o rebordo da plataforma que cedera sob o seu peso? Foi a primeira explicação que nos ocorreu ao espírito. Uma segunda não tardou a desmentir a primeira: no pico rochoso uma silhueta descarnada, a de Gomez, o mestiço, ergueu-se lentamente. Sim, era realmente Gomez, mas já não o Gomez do sorriso meloso e da cara impassível. Os seus olhos lançavam faíscas, as feições estavam deformadas pelo ódio como graças à alegria de uma vingança ribombante.

- Lorde Roxton! - chamou ele. - Lorde Roxton!

- Aqui estou - respondeu o nosso companheiro.

Uma gargalhada selvagem ecoou por cima do abismo.

- Ah!, está aí, cão inglês! Ora bem, já que está aí, aí ficará... Ah, esperei, esperei! Agora tive a minha oportunidade; ela chegou. Sentiu dificuldade para subir, não é verdade? Descer será ainda mais difícil! Loucos como são, eis-vos apanhados na ratoeira: todos!

Estávamos demasiadamente aturdidos para falar. Não podíamos fazer mais do que olhar, estupefactos. Um grosso ramo partido em cima da erva revelava a alavanca de que ele se tinha servido para fazer desequilibrar a nossa ponte. A cara de Gomez mergulhou, mas depressa reapareceu, mais fanática do que há pouco.

- Quase conseguimos matá-los com um rochedo na caverna gritou - Mas isto é melhor: mais lento, mais terrível. Os vossos ossos ficarão brancos aí e ninguém saberá o que lhes sucedeu, ninguém virá salvá-los!





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