Agora que está avisado, não se esqueça!
- É muita amabilidade sua, minha senhora.
- Abandone rapidamente a sala se ele parecer disposto à violência. Não perca tempo a querer discutir. Vários visitantes correram esse risco: foram agredidos com mais ou menos gravidade; segue-se sempre um escândalo público que nos enlameia a todos, e a mim em particular. Suponho que não seja a propósito da América do Sul que deseja falar com ele?
Como mentir a uma dama?
- Meu Deus! É o tema mais perigoso! Não vai acreditar numa só palavra do que ele lhe disser... tenho a certeza! Nem ficarei surpreendida!... Mas não lho dê a entender, porque a sua violência atingiria o paroxismo. Finja acreditá-lo e talvez então tudo corra bem. Lembre-se de que ele acredita em tudo. Isso garanto eu. Não há ninguém mais honesto do que ele! Mas vou deixá-lo, pois, de outro modo, poderia despertar-lhe suspeitas... Se sentir que ele se está a tornar perigoso... deveras perigoso, puxe a sineta e fuja-lhe até eu chegar. Em geral, mesmo nos seus piores momentos, consigo acalmá-lo.
Foi após estas considerações muito encorajadoras que a dama me voltou a entregar nas mãos do taciturno Austin que, como a discrição talhada em bronze, aguardara o termo da conversa. Conduziu-me ao extremo do corredor. Aí deu primeiro uma pancadinha na porta; em seguida, emitido do interior, um mugido de touro; por fim, frente a frente o Professor Challenger e o vosso servidor.
Estava sentado numa poltrona giratória atrás de uma mesa comprida coberta de livros, de mapas, de esquemas.