À esquerda, as cavernas projectavam as suas fogueiras vermelhas que furavam a obscuridade. Na encosta que descia para o lago, ouviam-se as vozes dos índios: riam, cantavam. Mais além, estendia-se, imensa, a floresta. No centro, cintilando ao luar, o lago mostrava as suas águas tranquilas que, paradoxalmente, tinham dado à luz tantos monstros. Enquanto admirávamos uma última vez este universo à parte do mundo, o apelo agudo de um animal misterioso ecoou na noite: era a própria voz da Terra de Maple White que nos dizia adeus. Afastámo-nos e metemo-nos na caverna que nos abria a porta de regresso.
Duas horas mais tarde, nós, as nossas bagagens e todos os nossos bens tínhamos chegado ao sopé do escarpamento. Apenas tivemos de vencer, em matéria de dificuldades, o embaraço do pacote que tanto interessava ao professor Challenger. Deixámos tudo no local e partimos logo para o acampamento de Zambo. Chegámos lá ao alvorecer, mas, para nossa estupefacção, descobrimos ali não uma fogueira única mas uma dúzia delas dispersas pela planície. O grupo de socorro tinha-nos alcançado: havia uma vintena de índios na margem, com picaretas, cordas, em suma, tudo quanto seria necessário para vencer o abismo.... Pelo menos não teremos demasiadas dificuldades para o transporte dos nossos embrulhos quando amanhã nos pusermos a caminho do Amazonas!
Nesta altura, com humildade e gratidão, encerro o capítulo das nossas aventuras. Os nossos olhos viram grandes maravilhas, e as nossas almas ficaram depuradas pelo que havíamos suportado.