O Mundo Perdido - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 49 / 286

Deve, portanto, existir uma estrada, um meio de acesso: certamente um acesso menos difícil, porque, de outro modo, estes animais desceriam e invadiriam a região circundante. Fui claro?

- Mas como teriam eles chegado lá acima?

- Não acredito que isso constitua um problema insolúvel - respondeu o professor. - Para mim a explicação é esta: a América do Sul é, talvez lho tenham ensinado, um continente de formação granítica. Precisamente neste local, no interior, houve outrora uma grande e súbita erupção vulcânica. Estes escarpamentos, como já assinalei, são basálticos, portanto plutónicos. Uma superfície, talvez tão extensa como Sussex, foi sobrelevada em bloco com tudo quanto continha vida, e isolada de todo o resto do continente por precipícios perpendiculares cuja solidez desafia a erosão. Qual foi o resultado? Ora bem, as leis normais da natureza ficaram suspensas. Os diversos freios que influem na luta pela vida no mundo acham-se lá em cima neutralizados ou modificados. Sobrevivem criaturas que noutro sítio teriam desaparecido. Observará que tanto o pterodáctilo como o estegossauro remontam à era jurássica e são, por conseguinte, muito antigos na ordem da vida. Foram conservados artificialmente devido a circunstâncias estranhas.

- Naturalmente! - exclamei. - A sua tese é conclusiva. Apenas lhe falta submetê-la às autoridades competentes!

- Foi o que na minha simplicidade eu tinha imaginado - suspirou não sem amargura o professor. - Mas as coisas não tardaram a complicar-se: em cada diligência eu era acolhido pelo cepticismo, ditado pela estupidez, e também pela inveja.





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