O Mundo Perdido - Cap. 8: Capítulo 8 Pág. 87 / 286

Da sua experiência ele retirara pelo menos um resultado útil: falava correctamente a língua geral, que é o dialecto (1/3 português, 2/3 índio) que se ouve em todo o Brasil.

Já indiquei que Lorde John Roxton era um apaixonado pela América do Sul. Incapaz de falar dela sem paixão, esse ardor revelava-se contagioso porque, ignorante como eu era, a minha atenção e a minha curiosidade aguçavam-se. Como gostaria de poder reproduzir o fascínio que se desprendia dos seus discursos! Juntava neles o conhecimento preciso e a imaginação galopante que me encantavam e conseguia mesmo apagar do rosto do Professor Summerlee o sorriso trocista que nele floria habitualmente. Contava-nos a história do rio tão rapidamente explorado (porque entre os primeiros conquistadores do Peru, alguns haviam atravessado o continente em toda a largura navegando nas suas águas) e, no entanto, tão pouco conhecido proporcionalmente em toda a região que se estende indefinidamente de cada lado das margens.

- Que existe ali? - exclamava ao mesmo tempo que nos apontava o Norte. - Bosques, pântanos, uma selva impenetrável. Quem sabe o que ela pode abrigar? E para o Sul? Uma extensão selvagem de florestas enfraquecidas, onde o homem branco nunca penetrou. O desconhecido ergue-se à nossa frente em todo o lado. Além das estreitas passagens dos rios e dos regatos, que se sabe da região? Quem pode separar o que cabe ao possível e ao impossível?





Os capítulos deste livro