Um Estudo em Escarlate - Cap. 14: 7 - A Conclusão Pág. 125 / 127

Podia ter sido uma ofensa particular, e não política, que exigira uma vingança tão metódica. Quando foi descoberta a inscrição na parede, senti-me mais inclinado do que nunca a aceitar o meu raciocínio. Evidentemente que o caso era difícil. Quando o anel foi encontrado, contudo, resolveu a questão. Era óbvio que o assassino se servira dele para obrigar a vítima a lembrar-se de alguma pessoa morta ou ausente. Foi nessa altura que perguntei a Gregson se pedira informações no telegrama que enviara para Cleveland sobre algum momento particular na actividade de Drebber no passado. Ele respondeu, lembra-se, na negativa.

»Então tratei de fazer uma investigação minuciosa da sala, que confirmou a minha opinião sobre a altura do assassino e me forneceu os pormenores adicionais sobre o charuto Trichinopoly e o comprimento das unhas dele. Eu já chegara a essa conclusão, uma vez que não havia sinais de luta; que o sangue, que cobria o soalho, jorrara do nariz do assassino, com a excitação. Pude ver que as marcas de sangue coincidiam com as pegadas. É raro que algum homem tenha assim uma hemorragia por causa da emoção, a não ser que seja muito forte, por isso aventei a hipótese de que o homem talvez fosse robusto e corado. Os acontecimentos provaram que estava certo.

»Tendo saído de casa, tratei de fazer o que Gregson negligenciara. Telegrafei ao chefe da polícia de Cleveland, circunscrevendo a minha investigação aos factos relacionados com o casamento de Enoch Drebber. A resposta foi convincente. Dizia que Drebber já tinha solicitado a protecção da lei contra um antigo rival apaixonado de nome Jefferson Hope e que este mesmo Hope estava presentemente na Europa. Nessa altura compreendi que tinha a chave para o mistério e que tudo o que havia a fazer era apanhar o assassino.

»Já decidira que o homem que entrara na casa com Drebber não era outro senão o homem que conduzira o cabriolé. As marcas na rua mostraram-me que o cavalo andara de um lado para o outro de uma maneira que não teria sido possível se alguém estivesse a tomar conta dele.





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