»Se tivesse sido cocheiro, não havia razão para crer que tinha deixado de o ser. Pelo contrário, do seu ponto de vista, qualquer mudança repentina talvez fizesse recair as atenções sobre ele. Iria, possivelmente, pelo menos durante algum tempo, continuar a desempenhar as suas funções. Não havia motivo para supor que tinha um nome falso. Porque iria mudar de nome num país onde ninguém sabia o seu verdadeiro nome? Assim, organizei o meu corpo de detectives, composto pelos garotos da rua, e mandei-os sistematicamente a todos os proprietários de cabriolés em Londres, até que descobriram o homem que eu queria, após cuidadosa investigação. Ainda está fresco na minha memória o êxito que eles obtiveram e a rapidez com que tirei partido dele. O assassínio de Stangerson foi um incidente que era completamente inesperado, mas que, em qualquer caso, dificilmente podia ser evitado. Por causa dele, como sabe, tomei posse dos comprimidos, de cuja existência já desconfiara. Compreende, tudo é uma cadeia de sequências lógicas sem uma única falha.
- É extraordinário! - exclamei. - O seu mérito devia ser reconhecido publicamente. Devia publicar um relato do caso. Se não o fizer, fá-lo-ei por si.
- Doutor, pode fazer o que quiser - respondeu ele. - Olhe! - continuou, entregando-me um jornal. - Veja isto!
Era o Echo do dia, e o parágrafo para onde ele apontou era dedicado ao caso em questão.
«O público», dizia, «perdeu um espectáculo sensacional com a morte súbita de Hope, o homem suspeito de ter assassinado o Sr. Enoch Drebber e o Sr. Joseph Stangerson.