- Sim. Não faltará muito tempo para ele vir. Quanto mais cedo melhor, porque não sabemos o que farão a seguir.
Na realidade já era tempo de aparecer alguém que pudesse aconselhar e ajudar o velho e resoluto rendeiro e a sua filha adoptiva. Em toda a história da colónia nunca houvera um caso semelhante de desobediência total à autoridade dos anciãos. Se erros de menor gravidade eram punidos tão severamente, qual seria o destino deste rebelde astuto? Ferrier sabia que a sua riqueza e posição social de nada lhe serviriam. Outros igualmente conhecidos e tão ricos como ele já tinham sido afastados misteriosamente, e os seus bens entregues à igreja. Era um homem corajoso, mas estremecia com os terrores vagos e sombrios que pairavam sobre ele. Podia enfrentar qualquer perigo conhecido sem perder a calma, mas esta expectativa era desesperante. Contudo, ocultou os seus receios da filha, e fingiu menosprezar o assunto, embora ela, com a perspicácia do amor, visse perfeitamente que ele andava inquieto.
Contava receber um recado ou uma admoestação de Young por causa da sua conduta, e não se enganou, embora surgisse imprevistamente. Quando se levantou na manhã seguinte, encontrou, para sua surpresa, um pequeno quadrado de papel preso com alfinetes na coberta da sua cama mesmo por cima do peito. Nele estava escrito com letras irregulares e bem marcadas:
Tem vinte e nove dias para se emendar; depois...
As reticências inspiravam mais medo do que qualquer outra ameaça. O modo como aparecera este aviso no seu quarto desorientou profundamente John Ferrier, porque os criados dormiam num anexo, e as portas e janelas tinham sido todas trancadas. Amarrotou o papel e não disse nada à filha, mas o incidente abalou-o. Os vinte e nove dias eram evidentemente o balanço do mês que Young prometera. De que serviria a força ou a coragem contra um inimigo armado com poderes tão misteriosos? A mão que prendeu aquele alfinete podia ter-lhe trespassado o coração, e ele nunca poderia saber quem o tinha assassinado.
