O Retrato de Ricardina - Cap. 16: CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! Pág. 105 / 178

O teólogo, outro irmão e três criados julgavam-se já cortados pelo fogo que lhes saía da carvalheira, quando Norberto lhes bradou:

- Fujam, que sou eu!

- O meu irmão Bernardo? - perguntou o teólogo.

Norberto, para que os criados o não contradissessem, respondeu:

- Ficou morto.

À volta de um dos feridos no seguimento dos que fugiam juntaram-se todos os outros. É que Isidro Cambado, arrancando a repelões o colete ressumado de sangue, rugia:

- Mataram-me!

Norberto saiu da moita, rodeou por longe e surgiu no ângulo da casa por onde se escapulira.

- Cá pelo meu lado ninguém se pirou! - bradava ele. - E vocês deixaram-nos ir?!

- Com dez milhões de diabos!... - bramiu raivoso um de Midões. - Já morreram quatro; anda ver o Isidro Cambado, que está a expedir!

Norberto aproximou-se do grupo e observou:

- Bem vos dizia eu, que isto não estava bom! Ora aqui tendes!... Morreu só um deles!

- Dois! - emendou um dos cinco de Midões.

- Então que é do outro? - perguntou o Calvo.

- Há de lá estar dentro daquela porta - e apontou para o patim contra o qual atiraram, assim que assomou o primeiro vulto. - Se eu lhe não meti a bala na arca do peito, venha já um raio que me parta!

Norberto galgou as escadas e viu, à brilhante lumieira das traves acesas, o cadáver de Francisco Moniz. Desceu vagarosamente e disse com mal dissimulada pena:

- É verdade... Lá está morto o médico... Agora que querem de aqui? Vamos embora. A casa parece-me que está sem fôlego vivo. Ou vocês querem

ir lá dentro? Arranjem agora a ficar debaixo das paredes que é o que falta... Eu cá de mim vou-me esgueirando. Leve o Diabo a empresa! Ora vejam se, à conta de matar o Bernardo, valia a pena deixarmos mortos quatro homens valentes como torres! Do Frazão e do Torto não fica no mundo casta! Enfim, o Sr.





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