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Capítulo 16: CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO!

Página 104
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO!

Desandando para o lado do edifício, onde os de Midões discutiam o modo do saque, e vigiavam as avenidas, Norberto exclamou:

- Rapazes, um já está morto na capela! O Bernardo já vos não faz mal; mas o Frazão e o Torto lá ficaram a escutar a cavalaria! O homem era teso, que mandou os dois ao Inferno! Vocês tenham cuidado convosco, que os Monizes são de má raça. Três dos nossos já lá vão!

- Não há de ficar vivo nenhum deles, ou eu não sou o Isidro Cambado!

- Fiquem vocês, que eu vou dar uma vista a certa porta que não está guardada - recomendou Norberto.

E, desviando-se cosido com as paredes vazadas de lavaredas e catadupas de faíscas, internou-se no arvoredo, de onde a sua fiel clavina cuspira a primeira bala com tão certeiro tiro. Corridos alguns segundos, abateram teto e paredes da capela atroadoramente. Norberto esperava ansioso aquele efeito previsto, para poder asseverar que Bernardo Moniz jazia soterrado no entulho. O contentamento redobrou-lhe as delícias de se estar agachado entre dois troncos de carvalho com a clavina à cara, espiando o lanço de proteger a fuga dos cercados.

Escancararam-se a um tempo as portas, sobrepostas a três patins que ornamentavam com simétricas escadarias o portal do palacete. Assim que o primeiro vulto assomou no limiar, reparou Norberto que dois tiros o fizeram recuar; se vivo, se morto, não pôde ele entrever. Ao mesmo passo, pelas outras portas saíram quatro vultos, a grandes saltos em direitura ao bosque, onde Calvo se entranhara. Por entre eles começou então o salvador de Bernardo a cortar nos perseguidores dos fugitivos com tal destreza e olho que os mais dianteiros, encontrados pelos zagalotes que lhes batiam no peito, fizeram pé atrás, duvidando entrar no escuro, onde lhes relampagueava o afuzilar das escorvas.

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pág. 104 (Capítulo 16)

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Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 104

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177