Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 16: CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO!

Página 106
Abade assim o quis... Agora tomem o meu conselho... Os que fugiram podem cair sobre nós com o povo, e não nos deixam uma orelha, que nós somos já poucos e não temos provimento. Os sinos lá tornam a tocar, rapazes... Pisguem-se!

Conspiraram todos no aplauso da retirada proposta. Ao repontar do dia, chegaram centenares de homens armados. Encararam despavoridos no local onde horas antes tinham visto o palacete dos Monizes. Era um acervo de rumarias, entre as quais os criados procuravam os cadáveres de dois dos seus amos: que do mais velho e do teólogo sabiam eles que uns lavradores os tinham recolhido, dando-lhes enxergas onde se atirassem a chorar.

À mesma hora, Ricardina Pimentel, cedendo ao medo clamoroso dos padres em cuja casa a hospedaram, aceitou o violento alvitre de acolher-se à Reboliça, onde sua irmã e parentes não corriam perigo de serem atacados também pelos incendiários. Os padres aventaram logo que o assalto era vingança do cruel abade e inferiram acertadamente que sorte igual e provocada lhes poderia decretar o rancoroso pai de Ricardina sabendo que eles a tinham asilado e furtado às suas iras. Por sobre isto, já os padres sabiam que de Viseu ia sair tropa em busca dos Monizes, acusados de assassinos dos seus honrados mestres. Não havia piedade que resistisse a tantos impulsos para guarda e salvação das suas pessoas, tendo eles, de fora parte, em conta de desonesta a sua hóspede.

Portanto, compeliram com razões e frases agastadas D. Ricardina a buscar refúgio na proteção de Eugénia. Foi a pobrezinha. Levaram-na. Ia tão areada, tão sem siso e sem consciência da sua desgraça, que não há aí compará-la senão a padecente que se deixa levar sem acordo e já sem sentimento para a estrangulação do patíbulo. De ali em diante, a demência ou a morte; se lhe não estivesse reservado o máximo suplício: a vida com a razão.

<< Página Anterior

pág. 106 (Capítulo 16)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Retrato de Ricardina
Páginas: 178
Página atual: 106

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I - O ABADE DE ESPINHO 1
CAPÍTULO II - UM AMIGO! 9
CAPÍTULO III – REAÇÕES 12
CAPÍTULO IV - BERNARDO MONIZ 19
CAPÍTULO V - MÃE E FILHA 25
CAPÍTULO VI – AGONIAS 32
CAPÍTULO VII - O QUE ELA PEDIA A JESUS 39
CAPÍTULO VIII - O BEM-FAZER DA MORTE 45
CAPÍTULO IX - ATÉ QUE ENFIM! 52
CAPÍTULO X - A SORTE 59
CAPÍTULO XI - MEMÓRIAS DOLOROSAS 66
CAPÍTULO XII – ESPERANÇAS 75
CAPÍTULO XIII - NORBERTO CALVO 80
CAPÍTULO XIV - PLANOS DO ABADE 88
CAPÍTULO XV - COMO O SENTIMENTO DA GRATIDÃO FEZ UM TIGRE 94
CAPÍTULO XVI - E O SOL NASCIA FORMOSO! 104
CAPÍTULO XVII - ENTRE A DEMÊNCIA E A MORTE 112
CAPÍTULO XVIII - O QUE FEZ A IGNORÂNCIA DO ESTILO FIGURADO 118
CAPÍTULO XIX - TÁBUA DE SALVAÇÃO 122
CAPÍTULO XX - OBRAS DO TEMPO 125
CAPÍTULO XXI - VANTAGENS DE CINCO PRÉMIOS 132
CAPÍTULO XXII - OS “DEZ-RÉIS” DA VISCONDESSA 136
CAPÍTULO XXIII - A RODA DA FORTUNA 141
CAPÍTULO XXIV - A NETA DO ABADE DE ESPINHO 147
CAPÍTULO XXV - O CORAÇÃO NÃO SE REGULA PELAS LEIS VISIGÓTICAS 156
CAPÍTULO XXVI - O REPATRIADO 161
CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA 166
CAPÍTULO XXVIII - ENFIM... 171
CAPÍTULO XXVIII – CONCLUSÃO 177