A Origem das Espécies - Cap. 5: CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL Pág. 89 / 524

de milhares de gerações, de outras variações com alguma utilidade para cada ser na grandiosa e complexa batalha da vida? Se tais variações ocorrem, poderemos duvidar (recordando que nascem muitos mais indivíduos do que os que têm possibilidade de sobreviver) de que os indivíduos dotados de qualquer vantagem, por muito ligeira, sobre outros, teriam a melhor probabilidade de sobreviver e de propagar o seu tipo? Por outro lado, podemos estar certos de que qualquer variação minimamente prejudicial seria inevitavelmente destruída. Chamo «selecção natural» a esta preservação de variações favoráveis e rejeição de variações prejudiciais. As variações que não são úteis nem prejudiciais não seriam afectadas pela selecção natural e permaneceriam um elemento inconstante, como observamos talvez nas espécies ditas «polimórficas».

Compreenderemos melhor o rumo provável da selecção natural tomando o exemplo de uma região que sofre qualquer transformação física, por exemplo, climática. A proporção numérica dos seus habitantes sofreria quase imediatamente uma mudança e algumas espécies poder-se-iam extinguir. Podemos concluir, pelo que vimos acerca da maneira profunda e complexa pela qual os habitantes de cada região estão mutuamente vinculados, que qualquer alteração na proporção numérica de alguns habitantes, independentemente da mudança do próprio clima, teria um efeito gravíssimo sobre muitos outros. Se a região fosse aberta nas suas fronteiras, novas formas certamente imigrariam, e isto também perturbaria seriamente as relações de alguns dos anteriores habitantes. Recorde-se como a influência de uma única árvore ou mamífero introduzidos se mostrou poderosa. Mas, no caso de uma ilha ou de uma região parcialmente rodeada por obstáculos, na qual





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