Inferno - Cap. 13: Capítulo 13 Pág. 39 / 102

Continuávamos ainda ao tronco atentos, crendo que mais nos quisesse dizer, quando nos surpreendeu um rumor, como quem sente o javali aproximar-se e a sua manada, ouvindo as feras e os ramos a estalar. E eis que dois surgem ao nosso lado esquerdo, nus e arranhados, fugindo tão desabaladamente que vão quebrando toda a planta da floresta. O da frente gritava: «Lano, não tiveste as pernas tão ligeiras no combate de Toppo» A seguir, talvez porque o fôlego o abandonasse, contra um arbusto se abraçou.

Atrás deles, a selva estava pejada de cães negros, correndo esfomeados, como galgos que se houvessem libertado das correntes. Cravaram os dentes no que se escondeu, dilacerando-o pedaço a pedaço e afastando-se depois com esses membros palpitantes. Tomou-me então o meu guia pela mão e levou-me ao arbusto que debalde chorava pelos sangrentos golpes: «O Giacomo de Sant'Andrea», dizia, «de que te valeu utilizar-me como amparo?

Que culpa tenho eu da tua pecadora vida?» Quando o mestre diante dele se deteve, disse: «Quem foste tu, que por tanto lado soltas, juntamente com sangue, essas palavras doloridas» E ele respondeu: «O almas que juntas viestes ver o indigno estrago que das folhas me destituiu! Recolhei-as ao pé do aziago arbusto. Eu fui da cidade que por Baptista trocou o primeiro patrono, pelo que este, com as suas artes, sempre a há-de molestar; e, se não fosse restar ainda sobre o Arno alguma recordação suam, aqueles cidadãos que depois a reconstruíram sobre as cinzas que de Átila ficaram em vão teriam feito o seu trabalho. Eu ergui na minha casa a própria forca.»"





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