Eurico, o Presbítero - Cap. 14: Capítulo 14 Pág. 111 / 186

— Aquele que eu cria viesse em meu socorro — tornou com voz firme a cativa — não se esconderá de ti no dia em que estiverem em volta dele todos os seus irmãos em esforço e amor da terra natal: porque nesse dia das grandes vinganças vê-lo-ás face a face. Muitas vezes os teus guerreiros têm fugido diante dele; muitas vezes o incêndio dos arraiais pagãos tem ajudado o incêndio das nossas cidades a alumiar as trevas da noite, e a sua mão foi a que lançou o facho sobre a tenda do agareno. Esse, ao menos, se ainda se esconde, não é por temor de ti, nem dos teus cavaleiros, que, tantos por tantos e ainda em dobro, muitas vezes tem visto fugir.

— Entendo-te, altiva filha dos godos — replicou Abdulaziz. — Falas do que vós outros chamais Pelágio, e que só de noite ousa sair das solidões das suas montanhas para acometer as tribos de Al-Moghreb que fizeram assento no conquistado Gharb ou para assassinar os cavaleiros do deserto transviados. Apenas Sarkosta e Tarkuna vissem flutuar sobre as suas muralhas os estandartes do Islame, eu iria arrancá-lo dos seus esconderijos para o punir. Mas tu abreviaste os dias do foragido nazareno. Dentro de pouco o seu cadáver servirá de pasto às aves do céu porque amou aquela que eu escolhi.

— Deus defenderá meu irmão — disse titubeando a donzela, cuja firmeza começava a abandoná-la, receando ver cumprida a ameaça do amir.

— Irmã de Pelágio?! Oh, repete-o mil vezes! São as prisões do sangue que te unem ao cruel inimigo dos crentes?

— Porque finges ignorá-lo? Os velhos cavaleiros que me acompanhavam e que comigo foram cativos no mosteiro que profanaste já o terão revelado.





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