O Retrato de Ricardina - Cap. 27: CAPÍTULO XXVII - O RETRATO DE RICARDINA Pág. 169 / 178

.. Já este meu velho me estava dizendo que era mau agouro deixar eu sair o retrato do meu pescoço...

Alexandre inclinou-se ao ouvido do doente e disse-lhe:

- Pode mandar sair este homem por algum tempo?

- Sim, senhor... Sai, Norberto.

- Espere! - exclamou Alexandre, suspendendo a saída do velho. - Chama-se este homem Norberto Calvo?

- Sim, chama; como sabe Vossa Excelência?

- Então que fique. - E inclinando-se sobre o seio de Bernardo, continuou: - Responda, peço-lhe com as mãos erguidas, responda verdade às perguntas que vou fazer-lhe. Promete-mo com juramento feito sobre a sua honra? Não haverá impedimento algum que lhe embarace o responder-me?

- Nenhum.

- Jurou, senhor?

- Pela minha honra.

- Este retrato é de Ricardina?

- É:... mas... o Sr. Alexandre.

- O senhor chama-se Bernardo Moniz?... Não hesite, por piedade lho peço. Não duvide responder-me.

- Sou Bernardo Moniz.

- É!

- Sou, sou Bernardo Moniz!

Alexandre abraçou-o impetuosamente, e exclamou:

- Quem poderá ser este homem que o abraça?

- Um amigo que Deus me enviou...

- Pois estas lágrimas!... Não vê que choro, meu pai?

E escondeu no seio a face soluçante.

- Que disse ele?! - perguntava Bernardo a Norberto, ofegando em ansiosos arquejos.

O velho não soube dar melhor conta do seu ouvido e entendimento. Achegou-se mais de perto, e murmurou:

- Eu... parece que ouvi dizer...

Alexandre Pimentel levantou a cabeça, tomou as mãos do pai, beijou-as, acariciou-as, e repetiu:

- Sou seu filho. Sou filho de Ricardina. Nasci quando minha mãe o considerava morto. A minha mãe é viva.

Conclamaram, a um tempo, Bernardo e Norberto dois grandes brados, abraçando-se conjuntamente em Alexandre.

- Ricardina é viva! - exclamou Moniz.





Os capítulos deste livro