Acredita-se que os nove estudantes processados guardaram inviolado segredo, por mais induzidos que foram a declarar os cúmplices. Ainda assim, a Justiça, devassando, achou provas convincentes da cumplicidade dos quatro. E não era preciso grande faro para ir na pista de Bernardo Moniz, combinando-se os indícios por maneira insólita nos casos contingentes.
Primeiro as ideias políticas. Depois a notória amizade entre Bernardo e Domingos dos Reis. Além disto, a frequente hospedagem que os Monizes davam ao maior número, se não a todos os presos. Acrescia o testemunho de académicos vizinhos que deram fé e notícia dos extraordinários movimentos na casa dos Monizes, durante a noite da véspera, e durante o dia do assalto. Por última e máxima prova, o desaparecimento inesperado dos dois irmãos com criados e cavalos, sem de antemão terem anunciado a alguém o propósito.
A prova máxima para a Justiça não era assim mesmo concludente. Alguns estudantes saíram logo de Coimbra, sem leve incriminação no inescusável atentado: para intimidá-los bastava a restauração do absolutismo, contra o qual se tinham arregimentado, e a maior ou menor convivência com alguns dos presos. Muitos saíram e voltaram 2 a concluir formatura cinco anos depois. Outros emigraram e desistiram de graduar-se. Porém de todos os Monizes e mormente de Bernardo, a justiça conimbricense formou logo conceito idóneo e bastante a expedir secretas ordens de prisão ao juiz de fora de Viseu, levadas por águazil que jornadeou toda a noite de 19 para 20 de Março.
O esbirro chegou a Viseu no dia 20 às duas horas da tarde, e Bernardo Moniz, à vista de Viseu, endireitou para Espinho por atalhos montanhosos já conhecidos desde a infância, enquanto Norberto seguia estrada direita, e chegou de noite à residência.