A Origem das Espécies - Cap. 5: CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL Pág. 124 / 524

O que se aplica a um animal aplicar-se-á a todos os animais ao longo do tempo - isto é, se variarem -, pois de contrário a selecção natural nada pode fazer. O mesmo sucede com as plantas. Demonstrou-se experimentalmente que, semeando uma espécie de erva numa porção de terreno e várias ervas de géneros distintos numa porção similar de terreno, pode-se obter um maior número de plantas e um maior peso de ervas secas. Verificou-se que o mesmo se aplica ao semear-se primeiro uma variedade e depois diversas variedades mistas de trigo em porções de terreno iguais. Por esta razão, se uma dada espécie de erva sofresse variação, sendo continuamente seleccionadas as variedades que diferissem umas das outras absolutamente da mesma maneira que as ervas de espécies e géneros distintos diferem umas das outras, um maior número de plantas individuais desta espécie de erva, incluindo os seus descendentes modificados, conseguiriam viver na mesma porção de terreno. E sabemos bem que cada espécie e cada variedade de erva propagam anualmente uma quantidade quase incontável de sementes; e assim, digamos, esforça-se ao máximo por crescer numericamente. Consequentemente, não posso duvidar de que no decorrer de muitos milhares de gerações, as variedades mais distintas de qualquer espécie de erva teriam sempre a maior probabilidade de suceder e crescer numericamente e assim suplantar as variedades menos distintas; e as variedades, quando se distinguem bastante umas das outras, recebem a classificação de espécies.

A verdade do princípio, segundo o qual a máxima quantidade de vida pode ser sustentada por uma grande diversificação de estrutura, é observável em muitas circunstâncias naturais. Numa área extremamente pequena, em especial se livremente acessível à imigração e onde a competição entre indivíduos é forçosamente severa, encontramos sempre uma grande diversidade nos seus habitantes.





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