A Origem das Espécies - Cap. 12: CAPÍTULO XI
DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA Pág. 376 / 524

Vemos nestes factos um vínculo orgânico profundo, que prevalece através do espaço e do tempo, nas mesmas áreas de terra e água, independentes das suas condições físicas. Teria de ser pouquíssimo curioso o naturalista que não sentisse necessidade de investigar em que consiste este vínculo.

Segundo a minha teoria, este vínculo é simplesmente a hereditariedade, a única causa, tanto quanto sabemos ao certo, que produz organismos muito semelhantes, ou, como vimos no caso das variedades, aproximadamente iguais entre si. Pode-se atribuir a dissemelhança dos habitantes de diferentes regiões à modificação por meio de selecção natural e, num grau inteiramente subordinado, à influência directa de diferentes condições físicas. O grau de dissemelhança dependerá de a migração das formas de vida mais dominantes de uma região para outra se ter efectuado com maior ou menor facilidade, em períodos mais ou menos remotos; da natureza e número dos antigos imigrantes; e da sua acção e reacção, nas suas lutas recíprocas pela vida - sendo a relação de organismo para organismo, como já observei frequentemente, a mais importante de todas as relações. Assim, a elevada importância das barreiras entra em jogo, restringindo a migração, bem como o tempo, para o lento processo de modificação por meio de selecção natural. As espécies amplamente distribuídas, abundantes em indivíduos, que já triunfaram sobre muitos adversários nos seus próprios ambientes vastos terão a maior probabilidade de se apoderarem de novos espaços, quando se propagarem para novas regiões. Nos seus novos ambientes estarão sujeitos a novas condições e sofrerão frequentemente modificação e aperfeiçoamento adicionais; e, assim, tornar-se-ão ainda mais vitoriosas e produzirão grupos de descendentes modificados.





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