Resumindo, no que diz respeito à origem das nossas variedades domésticas de animais e plantas, creio que as condições de vida, pela sua acção sobre o sistema reprodutivo, são nesta altura da maior importância como causa da variabilidade. Não creio que a variabilidade seja uma contingência inerente e necessária, em todas as circunstâncias, para todos os seres orgânicos, como pensaram alguns autores. Os efeitos da variabilidade são modificados por diversos graus de hereditariedade e reversão. A variabilidade é regida por muitas leis desconhecidas, mais especialmente pela lei da correlação de crescimento. Algo se pode atribuir à acção directa das condições de vida. Pode-se atribuir algo ao uso e ao desuso. O resultado final torna-se assim infinitamente complexo. Em alguns casos, não duvido de que o entrecruzamento de espécies aboriginalmente distintas desempenhou um papel importante na origem das nossas produções domésticas. Uma vez estabelecidas diversas linhagens domésticas em qualquer região, o seu entrecruzamento ocasional, auxiliado pela selecção, favoreceu sem dúvida a formação de novas sub-linhagens; mas a importância do cruzamento de variedades, segundo creio, foi muitíssimo exagerada, no que se refere aos animais e às plantas que se propagam por semente.