O AntiCristo - Cap. 39: Capítulo 39 Pág. 61 / 117

Todas ideias da Igreja agora estão reconhecidas pelo que são — as piores falsificações existentes, inventadas para depreciar a natureza e todos os valores naturais; o padre é visto como realmente é — como a mais perigosa forma de parasita, como a peçonhenta aranha da criação... — Nós sabemos, nossa consciência agora sabe — exatamente qual era o verdadeiro valor de todas essas sinistras invenções do padre e da Igreja e para que fins serviram, com sua desvalorização da humanidade ao nível da autopoluição, cujo aspeto inspira náusea — os conceitos de “outro mundo”, de “juízo final”, de “imortalidade da alma”, da própria “alma”: não passam de instrumentos de tortura, sistemas de crueldade através dos quais o padre torna-se mestre e mantém-se mestre... Todos sabem disso, mas, mesmo assim, nada mudou. Para onde foi nosso último resquício decência, de autorrespeito se nossos homens de Estado, no geral uma classe de homens não convencionais e profundamente anticristãos em seus atos, agora se denominam cristãos e vão à mesa de comunhão?... Um príncipe à frente de seus regimentos, magnificente enquanto expressão do egoísmo e arrogância de seu povo — e mesmo assim declarando, sem qualquer vergonha, que é um cristão!... Quem, então, o cristianismo nega? O que ele chama “o mundo”? Ser soldado, ser juiz, ser patriota; defender-se a si mesmo; zelar pela sua honra; desejar sua própria vantagem; ser orgulhoso... Toda prática trivial, todo instinto, toda valoração convertida em ato agora é anticristã: que monstro de falsidade o homem moderno precisa ser para se denominar um cristão sem envergonhar-se!





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