LIXTodo o esforço do mundo antigo em vão: não tenho palavras para descrever meu sentimento ante tal monstruosidade. — E, considerando o fato de que esse era um trabalho meramente preparatório, que com granítica autoconsciência lançou os fundamentos para um trabalho de milhares de anos, todo o significado da antiguidade desaparece!... Para que serviram os gregos? Para que serviram os romanos? — Todos os pré-requisitos para uma cultura sábia, todos métodos científicos já existiam; o homem já havia aperfeiçoado a grande e incomparável arte de ler bem — essa é a primeira necessidade para a tradição da cultura, para a unidade das ciências; as ciências naturais, aliadas às matemáticas e à mecânica, palmilhavam o caminho certo — o sentido dos fatos, o último e mais precioso de todos os sentidos, tinha suas escolas, e suas tradições possuíam séculos! Compreende-se isso? Tudo que era essencial ao começo do trabalho estava pronto; — e o mais essencial, nunca será demais repeti-lo, são os métodos, que também são o mais difícil de desenvolver e o que há mais tempo têm contra si os costumes e a indolência. O que hoje reconquistamos com uma inexprimível vitória sobre nós mesmos — pois certos maus instintos, certos instintos cristãos ainda habitam nossos corpos —, ou seja, o olhar afiado ante a realidade, a mão prudente, a paciência e a seriedade nas menores coisas, toda a integridade no conhecimento — tudo isso já existia há mais de dois mil anos! E mais, havia também bom gosto, um excelente e refinado tato! Não como um adestramento de cérebros! Não como a cultura “alemã”, com seus modos grosseiros! Mas como corpo, como gesto, como instinto — em suma, como realidade... Tudo em vão!