- Ah, até que enfim!
- Viva, Ravelston! E Rosemary?
- Talvez já tenha entrado. Não a conheço, como sabe. Mas antes de nos sentarmos, queria...
- Ah, ei-la!
Com efeito, ela encaminhava-se para eles, ágil e elegante. Abria caminho entre os transeuntes como um pequeno contratorpedeiro que deslizava no meio de cargueiros de alta tonelagem. E trajava com o maior esmero, como habitualmente. O chapéu inclinava-se num ângulo provocador e Gordon sentiu o coração sobressaltar-se.
Era uma moça admirável. Ele orgulhava-se de que Ravelston a conhecesse. Ela mostrava-se particularmente alegre, naquela noite. Estava escrito em todo o seu ser que não se recordaria, ou a Gordon, do último e desastroso encontro. Talvez risse e falasse um pouco excitadamente de mais quando ele procedeu às apresentações e entraram, todavia Ravelston simpatizou com ela desde o primeiro instante. O interior do restaurante deixou
Gordon assombrado por um momento. Era horrível e artisticamente elegante. Mesas escuras de pernas arqueadas, candelabros de peltre, quadros de pintores franceses modernos nas paredes. Um deles, uma cena de rua, lembrava um trabalho de Utrillo. Ele empertigou os ombros. Que demónio tinha a recear? A nota de cinco libras encontrava-se confortavelmente dobrada no sobres- rito que conservava na algibeira. Era a de Júlia, evidentemente, que não gastaria. Não obstante, a sua presença Infundia-lhe apoio moral. Tratava-se de uma espécie de talismã. Encaminharam-se para a mesa do canto - a favorita de Ravelston -, na extremidade oposta à entrada.