«Cerveja, cerveja!", exigira. Ele detestava aquele lugar sufocante. Acudiam-lhe visões de uma taberna com barricas descomunais e canecas encimadas por uma camada de espuma. Entretanto, não perdia o relógio de vista. Eram quase dez e meia, e os botequins fechavam às onze, mesmo os de Westminster. Não podia prescindir da sua cerveja! A garrafa de vinho era para mais tarde, quando os botequins estivessem encerrados. Rosemary sentava-se na sua frente, a conversar com Ravelston, desconfortavelmente, mas com presença de espírito suficiente para fingir que se divertia e nada a apoquentava. Continuavam a trocar impressões, de um modo assaz fútil, acerca de Shakespeare. Gordon detestava o famoso bardo. Ao ver Rosemary exprimir-se com serenidade, assolou-o o desejo violento e perverso de a possuir. Ela inclinava-se para a frente, cotovelos pousados na mesa, e ele conseguia descortinar os seios pequenos e firmes através do vestido. Acudiu-lhe com uma espécie de sensação de choque que o fez conter o alento e quase o tornou de novo sóbrio, que a vira despida. Era a sua pequena! Podia possuí-la quando quisesse! E ninguém o impediria de a possuir naquela noite! Por que não? Constituiria a apoteose mais apropriada do agitado serão. Descobririam um local sem dificuldade, pois havia numerosos hotéis em torno da Shaftesbury Avenue, onde não faziam perguntas embaraçosas a quem podia pagar a conta. Restava-lhe a nota de cinco libras. Procurou-lhe o pé debaixo da mesa', empenhado em lhe imprimir uma carícia delicada, e só conseguiu pisá-lo.