Sangue Azul - Cap. 20: 8 Pág. 211 / 287

O grupo tinha sido dividido e instalado em dois bancos contíguos: Anne encontrava-se entre os instalados no da frente, e Mr. Elliot soubera manobrar tão bem, com a ajuda do seu amigo, o coronel Wallis, que ficara sentado ao lado dela. Miss Elliot, rodeada pelas primas e objecto principal da galantaria do coronel Wallis, estava muito satisfeita.

O espírito de Anne encontrava-se num estado muito propício para o entretenimento da noite. Era a ocupação certa: ela tinha sensibilidade para o terno, boa disposição para o alegre, atenção para o científico e paciência para o enfadonho, e nunca um concerto lhe agradara tanto, pelo menos durante o primeiro acto. Próximo do fim, no intervalo que sucedeu a uma canção italiana, explicou a letra da canção a Mr. Elliot. Tinham um programa entre eles.

- Isto - disse ela - é aproximadamente o sentido, ou melhor, o significado, das palavras, pois certamente não se deve falar do sentido de uma canção de amor italiana. Mas é o significado mais aproximado que consigo dar, porque não tenho a pretensão de saber a língua. Sou muito pouco entendida em italiano.

- Sim, sim, estou a ver que é. Estou a ver que não percebe nada do assunto. Conhece a língua apenas o suficiente para traduzir, à vista, estes versos italianos invertidos, transpostos e truncados em inglês claro, compreensível e elegante. Não precisa de dizer mais nada a respeito da sua ignorância. Acaba de dar provas muito cabais dela.

- Não contrario uma cortesia tão amável, mas, acredite, recearia ser examinada por um verdadeiro entendido.

- Não tenho tido o prazer de visitar Camden-place há tanto tempo sem ter aprendido alguma coisa a respeito de Miss Anne Elliot, que considero uma pessoa tão modesta que o mundo em geral não tem consciência de metade dos seus dotes, e tão altamente dotada que a modéstia deixa de ser natural em qualquer outra mulher.





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