O Mundo Perdido - Cap. 12: Capítulo 12 Pág. 164 / 286

Não era mais alta do que um cavalo, mas o seu perfil acusava um corpo maciço, poderoso. Esta palpitação assobiadora, tão regular como um motor, sugeria um organismo monstruosamente desenvolvido. Uma vez, acho, avistei o clarão assassino, esverdeado, dos seus olhos. Houve um sussurro de folhagem, como se o animal estivesse a rastejar lentamente na nossa direcção.

- Creio que nos vai saltar em cima! - disse eu enquanto armava a espingarda.

- Não dispare! Não dispare! - murmurou Lorde John. - Um tiro no silêncio desta noite seria ouvido a quilómetros em redor. Guarde a espingarda para a última cartada.

- Se ele saltar por cima da sebe, estamos prontos! - disse Summerlee, cuja voz se extinguiu num riso nervoso.

- Claro, ele não deve saltar! - disse Lorde John. - Mas não disparem ainda. Eu talvez consiga liquidar este bruto. Em todo o caso, vou tentar.

Realizou a acção mais corajosa que jamais algum homem ousou na minha frente. Inclinou-se para o lume, pegou num ramo a arder e deslizou por uma abertura de emergência que preparara na porta. O animal avançou com um grunhido assustador. Lorde John não hesitou um segundo: correu para ele e atirou-lhe ao focinho com o brandão em chamas. No espaço de um segundo tive a visão de uma máscara horrível, de uma cabeça de sapo gigante, de uma pele cheia de verrugas, de uma boca gotejando sangue fresco. Logo de seguida, o matagal deixou ouvir estalidos e a aparição sinistra desvaneceu-se.

- Tinha a certeza de que não defrontaria o fogo! - disse Lorde John a rir.

- Não deveria ter corrido um tal risco! - exclamámos todos em uníssono.





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