O Mundo Perdido - Cap. 14: Capítulo 14 Pág. 202 / 286

Quando o Sol desceu no horizonte, vi a silhueta solitária do índio perfilar-se na vasta planície que se estendia a meus pés e segui-a muito tempo com o olhar: não era ela a nossa suprema esperança de salvação? Desapareceu, por fim, nas brumas vaporosas da noite que se tinham erguido entre o planalto e o ribeiro longínquo.

Fazia já noite cerrada quando, deixando atras de mim o clarão vermelho da fogueira de Zambo, voltei melancolicamente para o acampamento; não obstante, sentia-me satisfeito; pelo menos o mundo saberia o que fizéramos e os nossos nomes não pereceriam com os nossos corpos: ficariam, pelo contrário, associados para a posteridade ao resultado dos nossos trabalhos.

Dormir naquele acampamento cruelmente marcado pelo destino era impressionante; menos assustador, todavia, do que a selva. E eu só podia escolher entre estes dois sítios. Além disso, a mais elementar prudência impunha-me que me mantivesse de sobreaviso enquanto a natureza, por outro lado, visto o meu esgotamento, reclamava que me repousasse de imediato. Trepei para um ramo da grande árvore de especiarias, mas foi em vão que procurei um recanto onde ficasse empoleirado em segurança; partiria certamente o pescoço porque, ao adormecer, teria caído. Voltei, pois, a descer e fechei a porta do refúgio; acendi três fogueiras. separadas, em triangulo, preparei uma cela confortável e adormeci como uma pedra.

O meu despertar foi tão inesperado como feliz. De manhazinha uma mão poisou-me no ombro. Sobressaltei-me, empunhei a espingarda e todos os meus nervos ficaram tensos.





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