O Mundo Perdido - Cap. 14: Capítulo 14 Pág. 216 / 286

Pegaram no índio pelos braços e pelas pernas, balouçaram-no por três vezes com violência crescente e, depois, com toda a força, lançaram-no para o precipício; empregaram tanta força que o pobre diabo desenhou um curva no ar antes de começar a cair. Toda a multidão, excepto os guardas, acorreu então à borda do escarpamento e seguiu-se uma longa pausa de silêncio absoluto, bruscamente interrompido por um uivo de alegria selvagem: todos os homens-macacos se puseram a saltar numa dança frenética e levantaram os compridos braços peludos, até se retirarem da borda do escarpamento, para voltarem a alinhar e aguardar a próxima vítima.

Desta vez era Summeriee. Dois dos seus guardas agarraram-no pelos pulsos e puxaram-no brutalmente para a boca da cena. Cambaleava nas pernas magras, tal como um pintainho que sai do ovo. Challenger virara-se para o rei e agitava as mãos desesperadamente, suplicando-lhe que fosse poupada a vida do camarada. O homem-macaco repeliu-o rudemente e abanou a cabeça: foi esse o seu último gesto consciente nesta terra. A espingarda de Lorde John estalou: o rei abateu-se por terra; o sangue escapava-se dele como uma bexiga rebentada.

- Dispare para o monte! Dispare! Bebé, dispare!

Na alma do homem médio há estranhas pregas cor de sangue.

Sou de uma natureza terna e sucedeu-me muitas vezes ter a lágrima no olho perante uma lebre ferida. Mas ali senti-me sedento de assassínio. Surpreendi-me a mim próprio de pé, esvaziando um carregador, depois outro, depois recarregando o primeiro, depois tornando a disparar, enquanto gritava e ria: já só era ferocidade e alegria de matar.





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