O Mundo Perdido - Cap. 15: Capítulo 15 Pág. 236 / 286

Aqui e além serpentes projectavam as suas cabeças para fora de água, desenhavam um pequeno colar de espuma a sua frente e um sulco comprido e recurvado atras: soerguiam-se, ondulavam tão graciosamente como pescoços de cisne. Foi preciso que um destes animais viesse contorcer-se num dos bancos de areia próximos de nós, expondo assim o corpo em forma de barrica e imensas barbatanas atrás do seu pescoço de serpente, para que Challenger e Summerlee, que se nos tinha juntado, explodissem num dueto admirativo:

- O plesiossáurio! Um plesiossáurio de água doce! - exclamou Summerlee. - Dizer que vivi o bastante para ver isto! Fomos abençoados, meu caro Challenger, abençoados entre todos os zoólogos desde que o mundo é mundo!

Os nossos sábios só se arrancaram a contemplação do lago primitivo quando a noite caiu e as fogueiras dos nossos aliados passaram a ser outras tantas manchas na sombra. No seio desta obscuridade, ouvíamos de vez em quando os bufidos e os mergulhos de grandes animais.

Logo aos primeiros clarões da alvorada foi levantado o acampamento e abalámos para a nossa memorável expedição. Tinha sonhado muitas vezes ser um dia correspondente de guerra, mas mesmo nos meus sonhos mais audazes teria podido conceber a natureza da campanha em que ia hoje participar? Eis, pois, a minha primeira reportagem escrita num campo de batalha.

A nossa tropa fora reforçada durante a noite por uma reserva fresca de indígenas vindos das cavernas; fomos bem uns quinhentos a iniciar a partida.