Fez girar 180º a cadeira quando entrei: o choque da sua aparição pregou-me ao solo. Tinha-me preparado para um espectáculo estranho, isso era certo, mas não para aquela personalidade formidável, esmagadora, irresistível! O seu volume fazia cortar a respiração: o seu volume e a sua estatura imponente. Possuía uma cabeça enorme; nunca tinha visto uma assim tão grande a coroar um ser humano, tenho a certeza de que o seu chapéu alto, se me arriscasse a pô-lo, me chegaria aos ombros. Associei imediatamente o seu rosto e a barba à imagem de um touro da Assíria; sobre o rosto rubicundo, a barba era tão negra que tinha reflexos azulados; mas achava-se cortada em forma de ouriço e chegava até meio do busto. Os cabelos caíam, cheios de cosméticos e com a forma de um comprido caracol, sobre a testa maciça. Os olhos cinzento-azulado abrigavam-se debaixo de grandes ramagens negras; eram muito claros, muito desdenhosos, muito dominadores. Por cima da mesa emergiam ainda ombros imensamente largos e um torso que parecia uma barrica... Ah!, estava a esquecer-me das mãos: enormes, cabeludas. Esta imagem associada a uma voz rugiente, tonitruante, resmungona, constitui a primeira impressão que recebi do reputado Professor Challenger.
- Então? - disse ele cobrindo-me com um olhar insolente. - O que é que afinal me quer?
Era necessário que eu perseverasse mais uns momentos na minha artimanha; de outro modo seria propriamente ejectado.