O Mundo Perdido - Cap. 16: Capítulo 16 Pág. 252 / 286

- Não faz mal! - disse-lhe eu.

O seu bom humor reapareceu e desatou a rir.

- Não faz mal, com efeito, jovem, bebé. Vou tentar apanhar um frango do diabo para Challenger. É a minha tarefa. Não, não estou interessado na sua companhia: acho-me em segurança nesta gaiola e você não. Adeus. Estarei de regresso ao acampamento no fim do dia.

Voltou-se de costas e afastou-se; vi-o encaminhar-se para os

bosques sob a protecção da sua gaiola extraordinária.

Se nesta altura o comportamento de Lorde John era estranho, o de Challenger ainda o era mais. Posso dizer que ele fascinava espantosamente as mulheres índias. Mas andava sempre a passear com um grosso ramo de palmeira e afastava-as como se fosse moscas quando as suas atenções se tornavam demasiadamente insistentes. Vê-lo caminhar como um sultão de ópera cómica, com o seu ceptro na mão, precedido pela grande barba eriçada e pelos dedos dos pés que levantava a cada passo, seguido por um enxame completo de jovens índias apenas vestidas com uma fina tanga de casca de árvore, eis uma das imagens mais grotescas que trarei desta viagem. Quanto a Summerlee achava-se absorvido pelo estudo da vida dos insectos e das aves do planalto e passeava todo o tempo (a excepção daquele, muito longo, que consagrava acumular Challenger de censuras porque ainda não arranjara maneira de fazer-nos descer) a limpar e a classificar os seus espécimes.

Challenger adquirira o hábito de dar uma volta sozinho todas as manhãs, e sucedia-lhe voltar carregado de solenidade como alguém que trouxesse aos ombros a responsabilidade plena de uma empresa formidável.





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