O Mundo Perdido - Cap. 17: Capítulo 17 Pág. 284 / 286

- Não. Não. De modo algum. Creio que vou partir.

- Quer tomar alguma coisa? - disse o homenzinho, que acrescentou num tom confidencial: - É sempre assim, hem! E será sempre assim enquanto não formos polígamos. A poligamia é o único meio de resolver o caso.

Desatou a rir como um idiota, enquanto eu me dirigia para a porta.

Encontrava-me já no limiar quando um impulso súbito me dominou: voltei então para junto do meu feliz rival, que olhou de esguelha para a sineta.

- Poderia responder-me a uma pergunta?

- Se for uma pergunta razoável...

- Como é que conseguiu? Procurou um tesouro oculto ou descobriu um polo, ou deu caça a um pirata, ou atravessou a Mancha a pé ou quê? Qual é o brilho da sua aventura?

Encarou-me com uma expressão desesperada no rosto vazio, honesto, bem lavado.

- Não acha que essa pergunta é um pouco pessoal de mais?

- Bem! - exclamei. - Então uma outra pergunta. Quem é o senhor? Qual é a sua profissão?

- Sou o secretário de um homem de leis - respondeu-me. O segundo homem da firma Johnson & Merivale’s, quarenta e um, Chancery Lane.

- Boa noite!

A seguir a isto desapareci, como todos os heróis de coração desfeito, na noite: a mágoa, a raiva e o riso borbulhavam dentro de mim como numa marmita.

Mais uma pequena cena e terminarei. Ontem à noite ceámos todos no apartamento de Lorde John Roxton. Em seguida fumámos como bons amigos e evocámos mais uma vez as nossas aventuras. Era estranho ver num cenário novo aqueles velhos rostos que eu conhecia tão bem.





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