O Mundo Perdido - Cap. 9: Capítulo 9 Pág. 99 / 286

Enquanto avançávamos sem ruído sobre o tapete macio e espesso da vegetação putrescente, o silêncio caía sobre as nossas almas: igual ao que nos envolve ao crepúsculo numa catedral. E miraculosamente a voz tonitruante do Professor Challenger transformou-se num murmúrio decente.

Se eu fosse um explorador solitário, teria ignorado os nomes destes gigantes monstruosos, mas os nossos sábios estavam lá; designavam os cedros, os imensos choupos sedosos, as árvores-da-borracha, e uma profusão completa de plantas diversas que fizeram deste continente o principal fornecedor da raça humana em produtos vegetais, ao passo que é o mais retrógrado em produtos da vida animal. Orquídeas deslumbrantes e lianas maravilhosamente coloridas iluminavam os troncos bistres; onde uma mancha de sol caía sobre o alâmbar dourado ou sobre o ramo de estrelas escarlates da tacsónia, ou sobre o azul profundo das ipoméeas, um festival de sonhos arrebatava-nos. Nestes grandes espaços de florestas, a vida, que tem horror à obscuridade, combate para trepar cada vez mais alto a caminho da luz. Todas as plantas, mesmo as mais pequenas, desenham caracóis e contorcionam-se sobre o solo verde; enrolam-se para conjugar esforços. As plantas trepadoras são luxuriantes e gigantescas. Mas as que nunca aprenderam a trepar praticam, não obstante, a arte da evasão para fora desta sombra triste: a vulgar ortiga, o jasmim e até as palmas jacitaras enlaçam os ramos dos cedros e desenvolvem-se em extensão até aos seus cumes.





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