Eurico, o Presbítero - Cap. 15: Capítulo 15 Pág. 124 / 186

Uma cena horrenda se passava entretanto, além das atalaias, no extenso sarçal que se estendia até o sopé das primeiras montanhas. Os soldados transfretanos tinham-se lançado pela encosta abaixo atrás dos fugitivos. Ao chegarem à planície, um dos três desconhecidos estava diante deles, esperando-os quedo no meio da estreita trilha aberta por entre as urzes. A acha de armas goda e a cadeia que lha prendia ao braço reluziam unicamente naquele vulto, cujo saio e cavalo negros e cujo silêncio profundo faziam lembrar um desses espectros errantes alta noite pelos lugares desertos.

Os outros dois vultos galopavam a alguma distância, encaminhando-se para a orla do bosque, onde continuavam a reverberar reflexos de armas polidas.

— Quem és tu? — disse um dos capitães das decanias, dirigindo o cavalo para o vulto negro. — Quem és tu, que ousaste enganar os atalaias do campo de Abdulaziz, os guerreiros do conde de Septum?

— Sou um homem que ainda não renegou nem da Cruz, nem da Espanha; um homem que não aceitou o ouro dos bárbaros para ser o assassino covarde de seus irmãos.

— Miserável, que ajuntas ao engano a insolência! — rugiu o decano, alçando a espada. — As derradeiras palavras de orgulho e rebeldia acabam de sair-te dos lábios. Últimas palavras foram, porém, as do decano: a borda girou sibilando no ar, e o guerreiro transfretano caiu para o lado morto, como se o fulminara o raio.

Com um grito de horror e de cólera, os que o seguiam precipitaram-se para o desconhecido.





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