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Capítulo 15: Capítulo 15

Página 123

Daí a pouco, umas andas forradas de telas preciosas recebiam Abdulaziz, conduzido para ali sobre o mesmo almatrá ensanguentado em que os médicos judeus lhe haviam ligado as feridas. Rodeavam as andas os cavaleiros negros de Al-Sudan. Duzentos bereberes, filhos das serranias do Atlas, estavam, também, em volta delas: estes deviam transportá-las a giros pelos alcantis das Astúrias. As renques de tendas alvejantes, pontiagudas, formando uma como vasta cidade, e que, ao subir da Lua, davam ao arraial o aspecto de um cemitério do Oriente, sem os ciprestes fúnebres e esguios; toda essa multidão de pavilhões brancos, semelhantes a um mar de pirâmides, havia desaparecido, e apenas o luar, batendo nos ferros das lanças dos esquadrões cerrados e na geada que caía sobre os turbantes dos cavaleiros, refrangia trémulo um clarão prateado.

E o sussurro que se ouvia entre tantos milhares de homens era, apenas, o murmúrio das respirações opressas pelo frio nocturno e o resfolegar dos ginetes, aspirando o nevoeiro húmido que se alevantava da terra.

Mas lá, na vanguarda, para o lado das atalaias do norte, donde se descortinavam os topos recortados das montanhas sobre o chão claro do céu, como fileiras de gigantes petrificados durante uma dança de embriaguez, tão fantásticos eram os seus contornos, ouvia-se o ruído alto e indistinto do cruzar de muitas vozes, do tropear de muitos cavalos; viam-se lampejar as armas nos visos dos dois últimos outeiros que por aquela parte rodeavam o campo, e agitarem-se ondas de vultos humanos e sumirem-se, onda após onda, como se os devorasse voragem aberta de súbito debaixo de seus pés: eram os cavaleiros que transpunham a eminência. O exército detrás daqueles dois outeiros, que formavam como um ponto único, vinha sucessivamente engrossando até o lugar em que estava Abdulaziz. Parecia um desmesurado triângulo de ferro, a ponto de ir bater na muralha da serrania, que, vestida com a sua armadura de selvas, esperava o embate daquele disforme vaivém, que já começava a oscilar ante ela.

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Capa do livro Eurico, o Presbítero
Páginas: 186
Página atual: 123

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 4
Capítulo 3 7
Capítulo 4 12
Capítulo 5 18
Capítulo 6 22
Capítulo 7 28
Capítulo 8 32
Capítulo 9 46
Capítulo 10 55
Capítulo 11 63
Capítulo 12 71
Capítulo 13 90
Capítulo 14 105
Capítulo 15 121
Capítulo 16 134
Capítulo 17 148
Capítulo 18 158
Capítulo 19 171
Capítulo 20 176