Rodeado de quase vinte homens, o cavaleiro negro repetia apenas uma parte das gentilezas que praticara na fatal jornada do Chrysus. A cada golpe da borda respondia um gemido de moribundo; depois, uma injúria ameaçadora dos que ficavam; depois, um rir de desprezo do cavaleiro, e, daí a pouco, um novo gemido de alma que se despedia da terra: O tropel dos pelejadores rareava de instante a instante.
Mas os que expiraram não ficarão sem vingança. Os cabos das decanias, antes de seguirem os fugitivos, tinham enviado um bucelário que relatasse a Juliano o que sucedera na atalaia e como eles iam no alcance daqueles a quem irreflectidamente haviam dado passagem. O bucelário fora encontrar o conde junto de Abdulaziz. A sua narração e o que se passara na tenda do amir eram dois factos que mutuamente se explicavam. Os esquadrões mais bem encavalgados foram despedidos logo em seguimento dos fugitivos. Na ideia de que só Pelágio podia ter audácia bastante para vir acometer o filho de Musa na sua própria tenda, os capitães do exército muçulmano não duvidaram um momento de que fosse ele o desconhecido. Colhendo-o às mãos antes de se unir aos seus montanheses, o extermínio destes seria fácil empresa. Assim, os melhores almogaures deviam persegui-lo sem descanso nem tréguas até o cativarem. Sendo assaz numerosos para resistirem a qualquer recontro inesperado dos godos das Astúrias, bastaria que o grosso do exército os seguisse de perto para fazer que a vitória fosse indubitável e completa.
Uns após outros, os esquadrões dos almogaures desciam já dos outeiros: o ruído do combate e o brilho das armas serviam-lhes de guia. Pareciam rolar pela encosta e, cegos na carreira, atufavam-se no mato, que estalava debaixo dos leves pés dos ginetes árabes. O cavaleiro viu-os e pensou. Esperar a pé firme milhares de homens não era esforço, era loucura. Além disso, os seus companheiros deviam ter-se já embrenhado nas selvas com a irmã de Pelágio.