A luz brilhante de afeições e esperanças a que vivia e que me povoava o coração de felicidade devia apagar-se então, como a lâmpada do templo ao amanhecer; porque eu voltava-me para o céu, buscando a luz do Senhor.
Mas o sol, apenas nasceu para mim, logo desapareceu no ocaso, e os que me crêem alumiado mal pensam que vivo em trevas!
As minhas paixões não podiam morrer, porque eram imensas, e o que é imenso é eterno.
E assim, nem ouso pedir a paz do sepulcro; porque para mim não haveria paz, senão no aniquilamento. O aniquilamento!
Que mal te fiz eu, oh meu Deus, para não me deixares cá dentro mais que uma ideia risonha, mais que um desejo capaz de encher o abismo da minha desventura? Que mal te fiz eu para que esse desejo, essa ideia seja a que unicamente resta ao precito que se revolve em perpétuas angústias?
Mas para mim, como para ele, tal pensamento é vão e mentido! Eternidade, eternidade, a alma do homem está encerrada e cativa no ilimitado do teu império!