A Origem das Espécies - Cap. 5: CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL Pág. 116 / 524

de surgirem variações favoráveis devido à grande quantidade de indivíduos d~ mesma espécie aí sustentada, mas as condições de vida são infinitamente complexas devido ao grande número de espécies já existentes; e se algumas destas muitas espécies se modificarem e aperfeiçoarem, as outras terão de se aperfeiçoar num grau correspondente ou serão exterminadas. Cada nova forma, além disso, assim que se tenha aperfeiçoado bastante, conseguirá propagar-se na área aberta e contínua e entrará assim em competição com muitas outras. Portanto, formar-se-ão novos espaços e a competição para os preencher será mais severa numa área extensa do que numa área pequena e isolada. Além disso, as áreas extensas, ainda que hoje sejam contínuas, devido a oscilações de nível, terão não raro existido até recentemente numa situação de descontinuidade, pelo que os bons efeitos do isolamento terão, em geral, até certo ponto, convergido. Por fim, concluo que embora as pequenas áreas isoladas tenham em alguns aspectos sido altamente favoráveis à produção de novas espécies, o rumo da modificação terá em geral sido mais rápido em áreas extensas; e o que é mais importante, que as novas formas produzidas em áreas extensas, que venceram já muitos adversários, serão as que se propagarão mais amplamente, darão origem à maior parte das novas variedades e espécies, desempenhando assim um papel importante na história do mundo orgânico.

Podemos, talvez, com base nestas perspectivas, compreender alguns factos a que se aludirá novamente no nosso capítulo sobre a distribuição geográfica; por exemplo, que as produções do continente australiano, menor, cederam antes e ao que parece cedem hoje aos da área euro-asiática, mais extensa. Assim é que em todo o lado as produções continentais tiveram uma naturalização tão extensa em ilhas.





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