A Origem das Espécies - Cap. 5: CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL Pág. 120 / 524

contínua e lentamente novas formas, a menos que acreditemos que o número de formas específicas continua a aumentar perpétua e quase indefinidamente, muitas terão inevitavelmente de se extinguir. Que o número de formas específicas não aumentou indefinidamente, mostra-no-lo claramente a geologia; e na verdade podemos ver a razão de não terem aumentado desta maneira, pois os espaços na organização da natureza não abundam indefinidamente - não que tenhamos qualquer meio de saber se uma dada região até agora atingiu o seu máximo em espécies. Provavelmente, nenhuma região foi até agora por completo preenchido, pois no Cabo da Boa Esperança, onde se concentram mais espécies de plantas do que em qualquer outra parte do mundo, algumas plantas alienígenas naturalizaram-se sem causar, tanto quanto sabemos, a extinção de quaisquer plantas nativas.

Além disso, as espécies que têm o maior número de indivíduos terão maior probabilidade de produzir variações favoráveis num dado período. Temos indícios disto nos factos apresentados no segundo capítulo, mostrando ser a espécie comum a que proporciona o maior número de variedades registadas ou espécies incipientes. Por esta razão, as espécies raras modificar-se-ão ou aperfeiçoar-se-ão com menos rapidez em qualquer dado período, e serão consequentemente vencidas na corrida pela vida pelos descendentes modificados das espécies mais comuns.

Desta diversidade de considerações, julgo seguir-se inevitavelmente que, à medida que se formam espécies através da selecção natural, outras tornar-se-ão cada vez mais raras, extinguindo-se por fim. As formas que competem mais directamente com as formas que sofrem modificação e aperfeiçoamento são naturalmente as que mais sofrem. E vimos no capítulo sobre a luta





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