A Origem das Espécies - Cap. 5: CAPÍTULO IV
SELECÇÃO NATURAL Pág. 137 / 524

por herança de uma antecessora diferente, diferirão bastante dos três géneros descendentes de A, os dois pequenos grupos de géneros formarão duas famílias distintas, ou mesmo ordens, segundo a quantidade de modificação divergente que o diagrama supostamente representa. E as duas novas famílias ou ordens descenderão de duas espécies do género original; e estas duas espécies descenderam supostamente de uma espécie de um género ainda mais antigo e desconhecido.

Vimos que em cada região é a espécie pertencente ao género mais vasto que apresenta com maior frequência variedades ou espécies incipientes. Isto, na verdade, seria de esperar; pois, uma vez que a selecção natural age por meio de uma vantagem que uma forma tem sobre as outras na luta pela existência, agirá antes de mais sobre aqueles que já dispõem de alguma vantagem; e a grande extensão de qualquer grupo mostra que as suas espécies herdaram uma vantagem em comum de um ancestral comum. Por esta razão, a luta pela produção de descendentes novos e modificados manifestar-se-á sobretudo entre os grupos maiores, que procuram todos crescer numericamente. Um grupo vasto irá conquistar lentamente outro grupo vasto, reduzir o seu número e assim diminuir as suas hipóteses de sofrer variação e aperfeiçoamento suplementares. Dentro do mesmo grupo vasto, os subgrupos tardios e mais aperfeiçoados, ramificando-se e apoderando-se de muitos espaços novos na organização da natureza, tenderão constantemente a suplantar e destruir os subgrupos anteriores e menos aperfeiçoados. Grupos e subgrupos pequenos e divididos tenderão eventualmente a desaparecer. Olhando para o futuro, podemos prever que os grupos de seres orgânicos hoje vastos, triunfantes e menos divididos, isto é, os que até hoje foram menos afectados pela extinção, continuarão a aumentar durante bastante tempo.





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