A Origem das Espécies - Cap. 2: CAPÍTULO I
VARIAÇÃO SOB DOMESTICAÇÃO Pág. 17 / 524

Com estas excepções (e com a da perfeita fertilidade das variedades quando cruzadas - um assunto a discutir mais tarde), as variedades domésticas da mesma espécie diferem entre si da mesma maneira, ainda que maioritariamente em menor grau, que as espécies intimamente próximas, pertencentes ao mesmo género, em estado de natureza. Penso que tem de se admitir isto quando descobrimos que dificilmente haverá uma raça ou variedade doméstica, animal ou vegetal, que algum juiz competente não tenha classificado como mera variedade e outro juiz competente não tenha classificado como descendente de uma espécie aboriginalmente distinta. Se existisse qualquer distinção óbvia entre as variedades domésticas e as espécies, esta fonte de dúvida não poderia ressurgir perpetuamente. Afirmou-se frequentemente que as raças domésticas não diferem entre si em caracteres de valor genérico. Penso que se poderia mostrar que esta afirmação dificilmente estará correcta; mas os naturalistas discordam amplamente ao determinar quais os caracteres que têm valor genérico, sendo todas essas avaliações por enquanto empíricas. Além disso, segundo a perspectiva da origem dos géneros que apresentarei em breve, nada nos permite esperar encontrar frequentemente diferenças genéricas nas nossas produções domesticadas.

Quando procuramos fazer uma estimativa da quantidade de diferenças estruturais entre as variedades domésticas da mesma espécie, cedo ficamos envolvidos em dúvida, por não sabermos se descendem de uma espécie antecessora ou de muitas. Este aspecto, se pudesse ser esclarecido, seria interessante; se, por exemplo, se pudesse mostrar que o galgo, o cão-de-santo-humberto, o terrier, o spaniel e o buldogue, cujo grau de pureza na propagação do seu





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